História da Cidade de Bueno Brandão
De Capela Curada do Senhor Bom Jesus da Pedra Fria do Ribeirão das Antas a Bueno Brandão
Por volta do final do século XVII e início do século XVIII, os bandeirantes em missão de desbravamento, tinham nesta região, hoje o município de Bueno Brandão, a trilha que os levava ao sentido norte do país. Devido a um ribeirão de boas águas ao qual deram o nome de Ribeirão das Antas, alusão à quantidade de Antas que ali habitavam e por ser um lugar prazeroso, paravam para descansar seus cavalos, junto a uma grande pedra, às margens da trilha, permanecendo nestas paragens por alguns dias. Mas somente com a independência do país, na segunda metade do século XIX foi que algumas famílias, fiéis à coroa portuguesa, buscando o interior do país, vieram se estabelecer nesta região. Foi neste período que um português de nome Patrício José Joaquim de Miranda, admirando-se com a beleza do lugar, e, como bom português que era, sentiu a oportunidade de montar um negócio comercial para servir aqueles que por ali passavam. Montou, então, uma venda para dar de comer e beber aos viajantes. Logo depois dele, neste mesmo processo de “interiorização”, veio dar nestas paragens uma família de sobrenome Brigagão, que acabou também por se estabelecer por aqui. Por volta de 1800, Patrício José Joaquim de Miranda, faz uma viagem a Portugal e na vinda traz consigo uma imagem do Senhor Bom Jesus, datada do século XVII, que foi doada para uma pequena capela que eles mesmos construíram naquele povoado. Passando o lugar a denominar-se Capela Curada do Senhor Bom Jesus da Pedra Fria do Ribeirão das Antas. Nome este que perdurará até 1849. Em 1842, a Cúria Católica da cidade de São Paulo enviou ao povoado alguns frades franciscanos para que ali se realizassem as Santas Missões. Como era comum na época, um dos frades tinha o encargo de relatar a Cúria tudo o que fosse digno de nota durante a viagem ou durante as missões. Para esta função ficou encarregado o frei Eugênio Maria de Gênova, natural de Gênova na Itália. Em um de seus textos foi que encontramos a primeira referência ao nome “Campo Místico” alusão à beleza natural do lugar, este que era entrecortado por vales e serras, água em abundância; além de uma primorosa vila composta de casebres simples caiados de branco (típico da arquitetura açoriana), mergulhados em meio a vastos parreirais sob o acalento de um clima ameno. Desta forma o frei sugere o nome de Campo Místico. Em 1850, através da Lei provincial nº 471 de 1º de Junho, alcançada pelo Deputado João Cassiano Santiago, a sugestão do Frei foi concretizada. A localidade foi elevada à categoria de Vila, ligado ao município de Pouso Alegre (MG), passando nesta data a denominar-se Campo Místico. Foi sucessivamente incorporado ao município de Jaguari (MG) [atual Camanducaia(MG)] pela Lei nº1.190 de 23 de Julho de 1864 e a Ouro Fino (MG) pela Lei nº 2.658 de 04 de Novembro de 1.880, então, na categoria de Distrito.
Em 1912, liderada pelo padre Luiz Chírico, foi desencadeado o primeiro movimento de emancipação político-administrativa do distrito de Campo Místico, o qual não foi levado a termo por interesses políticos. No entanto, a população continuou com sentimentos adversos a situação de colônia. Uma vez que a vila progredia, nada lhe faltava, poderiam se manter. Através da produção de café e fumo (produções estas de excelente qualidade) escoava-se para Ouro Fino, sem compensações satisfatórias. Por outro lado a população vivia de forma precária e os poderes públicos fechavam os olhos aos interesses locais. Graças ao sacrifício pessoal de alguns pioneiros, entre eles, Francisco Inácio da Silva, Alípio de Farias, Francisco Cândido Barbosa, Domingos de Franco, João Furquim Ribeiro, Tibério Rossi e Luiz Lodi, juntamente com o advogado Guerino Casassanta, amigo pessoal do então Governador Benedicto Valadares Ribeiro, atendendo aos reclames da população, em 17 de Dezembro de 1938 criou o novo município. Assim, o povoado de Campo Místico, em homenagem ao político Ouro-finense e ex-presidente do Estado de Minas Gerais, Júlio Bueno Brandão (falecido a sete anos antes) passou a denominar-se Bueno Brandão.
O município foi instaurado em 1º de Janeiro de 1939 e empossado o Senhor Uriel de Rezende Alvim como seu primeiro prefeito. No entanto, somente em 1948 Bueno Brandão teve seu primeiro prefeito eleito: Domingos de Franco. Depois de ter sido um excelente produtor de vinho, inclusive com premiação na França por volta da década de vinte. Depois de ter sido grande produtor de fumo, por volta da década de cinqüenta – reconhecido pela qualidade em todo o país, além da produção do café, esta que sempre esteve presente em sua história. Na metade do século XX, com a vinda dos imigrantes espanhóis, Bueno Brandão torna-se um dos maiores produtores de batata do Sul de Minas. Produção esta, que juntamente com o cultivo do café, perduram até os dias atuais. Em 31 de Agosto de 1964, pela Lei nº 3.180, foi criada a Estância Climática e Hidromineral de Campo Místico, no município de Bueno Brandão, por suas águas Magnesianas e Ferruginosas de ótima qualidade, além do clima que é ameno ao longo de todo o ano. A partir de 1997, a beleza natural de Bueno Brandão, que se explica por estar nas cristas da Mantiqueira, a 1.300 metros de altitude, com elevações superiores a 1.700m, recobertas pela Mata Atlântica; além das inúmeras quedas d’água, que jorram por entre seus montes, fazendo ser chamada de “Cidade das Cachoeiras.”, inicia-se a exploração do mercado turístico que, através da descoberta da mídia acarretou seu desenvolvimento, mais especificamente o turismo ecológico e rural, como uma nova atividade econômica para seus moradores.